quarta-feira, 7 de abril de 2010


Por quê? Porque é que me olhas assim, nesse tom apagado de quem provou o inverno precoce? Por que é que já não sabes lidar com as folhas caídas sem que a alma se dispa também? Não me lembro de te reconhecer assim: uma alma quase morta sem uma direcção na mão. És negrume que descai do lado esquerdo do peito, do lado de dentro de um corpo amparado pela pela seca de quem quase já viveu. De quem quase se esqueceu que existe o ar lá fora e os poros a suplicarem por cada dose de componentes que se inspirem, que se expirem e não se percam; de quem quase se esqueceu que há vida em cada recanto do tempo e tu ... pobre transeunte da mesma, limiar do quase nada. Antecipaste à queda da alma sem que a agarres no ar. Até se partir e se transformar em cascalho que figura no chão, entre os paralelos lancinantes que te fazem tropeçar, que te fazem cair do andar mais alto do teu coração. Cuidado! Não tropeces na razão de arestas afiadas que quebraste sem querer.

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